Carta do Luxemburgo
Há muito que ansiava ir ao Luxemburgo. As referências que tinha desse pequeno país da Europa Ocidental, comandado monarquicamente por um Duque de elevada família, eram as melhores. Volvido o 20 de Agosto último, rumei até lá para visitar uns amigos. Tinham razão. Apesar de chegar cansado da viagem de 2100 quilómetros quase directos (não fosse uma soberba paragem no Futuroscope – Poitier) no meu pequeno mas valente 106, vi um país organizado, civilizado, com gente boa e ordeira. Já para não falar do nível de vida que acomoda por completo todos os vizinhos, da segurança social considera a melhor do planeta e do ordenado mínimo de 1500 euros. Ressaltam aos olhos de qualquer passante: os monumentos que se prolongam em tempo e espaço, o verde dos jardins com flores de mil cores, as casas de inclinado telhado em ardósia, a limpeza das ruas, o aroma da cidade, o canto dos destemidos pássaros que nos posam na mão para comer algumas migalhas de pão, o trânsito organizado, os ousados automóveis de grandíssima cilindrada, a segurança, o reflexo da luz nas noites calmas e silenciosas e as bonitas mulheres de pele e olhos claros com simpatia e meiguice do tamanho do mundo.
Sendo eu de línguas, esse vertente teve de ser bem observada. Dizia uma amiga por graça que a segunda língua mais falada no Lux é o português. Apesar de obrigarem as crianças as estudar nos primeiros anos de escola o luxemburguês, nas ruas só se fala francês e português. E também isso me fascinou. Contrariamente a outros países francófonos (como por exemplo a França), no Luxemburgo a comunidade portuguesa não tem vergonha de falar a Língua do meu Luís e do meu Fernando. Ao perguntar em francês a um transeunte onde ficava o célebre Cemitério Americano, qual não foi o meu espanto quando ele me respondeu em português: “É além, amigo!”. Nos supermercados, podemos encontrar todos os produtos de chancela nacional. E não se pense que os portugueses residentes vivem em barracas ou comem enlatados. Isso é mito, quiçá passado! Muitos dos estabelecimentos comerciais e até grandes empresas são geridos por Tugas. Valeu a pena! Acreditem!
Prometo regressar brevemente com mais uma carta. A próxima será de Arosa (fronteira da Suiça com a Áustria). Para trás e sem memória ficarão os 500 quilómetros percorridos numa Alemanha que nunca me atraiu. Neste final de pequeno escrito, Aqui fica um especial agradecimento à Luisinha e família pela hospitalidade tipicamente lusa que nos proporcionou. Deixo também um beijo à valente Beta por ser uma fortíssima mulher de armas. Ao excepcional Isi, fica a saudade daquele pequeno mas grande momento de alegres recordações. Se não fosse um mega flash de radar e uma multa por um estacionamento desajeitado no centro da cidade (por culpa minha, claro!), diria que a visita mereceu nota 20.
Mário Gonçalves
. História da Caça em Samor...