Sábado, 23 de Setembro de 2006
Prezado Anónimo do Oculto
Caro (a) ex colega, aposto os diamantes de Antuérpia como te enganaste no Blog. É que nunca na vida tive colegas anónimos e muito menos amigos que me tratassem por você! Esses não são colegas, são fantasmagóricos passageiros da vida que se limitaram a comprar um trivial bilhete de ida e volta ao mundo encantado do oculto.
Quanto ao escrever bem, agradeço! Mas, há quem não ache. Só somos bons quando lidamos com gente vulgar e medíocre. Comparado com o Campos, o Reis ou o Caeiro (para falar apenas destes), sou nada do ponto de vista da escrita e muito menos da solidez de pensamento.
Contudo, obrigado e saudações bloguistas
Mário Gonçalves
Pensamento: "Se não queres que ninguém saiba, não o faças"
Sinto-me: Curioso
Caro anónimo, pelo domínio de inúmeros conceitos bloguistas, constato que a blagosfera é também a sua atmosfera. Fico, portanto, curioso de poder ver o interior do seu blog. Isto é, se ele existir em forma e conteúdo, o que sinceramente duvido. Comentar o trabalho alheio é bonito e eu gosto, mas mais agradável é ainda produzir algo de palpável, e pôr à disposição de terceiros. È pelo menos uma formas de sentirmos o peso justo nos dois lados da balança. Se já leu “Os Lusíadas”, lembra-se certamente do tal Velho que habitava no Restelo. E percebe o que digo. Se nunca leu, fico triste por si.
Caro anónimo, sem o querer ofender, pois além de cruelmente sensível parece ser dotado de uma esmerada robustez de afirmação, reparei também que habitamos em pólos opostos no que diz respeito a conceitos. Sinceramente, não me apetece convidá-lo a pôr o “Morais” no lixo e passar a mergulhar um pouco mais em “José Pedro Machado”. Se o fizesse, iria perceber que nunca na vida se poderá falar em “censura” quando se trata de algo anónimo. Os textos anónimos valem o que valem, isto é, nada. Logo, não se consegue censurar o nada. Quanto muito ignora-se o tal nada.
Lembre-se também que muitas vezes não é o conteúdo que é censurado, mas o autor. Se souber quem foi Manuel Tiago, compreenderá o encaixe da ideia. Um nunca pode estar dissociado do outro. É assim desde que o homem é homem. Já pensou que na língua gestual ou na linguagem expressiva é impossível separa o autor da obra.
Se tiver valentia de formiga, vagar de elefante e pachorra de preguiça, leia “Os Segredos da Censura” de César Príncipe, publicado pela Caminho, e depois perceberá melhor o que digo.
No que diz respeito ao facto da “identidade do BI” ser o menos importante na Internet, não merece qualquer comentário da minha parte. Apenas reforço um pouco mais aquilo que penso de si. Lembre-se que a Internet (que deve ser grafada a maiúscula) não é mais que um moderno e tecnológico veículo de comunicação. Depois podíamos aqui falar do emissor, do receptor, da mensagem…mas, francamente, não me apetece esboçar tal empreendimento.
Agora caro e inacessível anónimo, permita que lhe recorde que há blogs mais interessantes que o meu. Aliás, o meu não é nada atraente. São apenas conteúdos pessoais, nada mais! E por serem pessoais é que não devem ser anónimos. Nem os artigos nem os comentários! Mas se a fixação sob anonimato lhe dá assim tanto alento e “prazer”, e porque me “admira e respeita”, fique descansado que eu não o “censuro”. A não ser que os conteúdos dos comentários sejam estupidamente jocosos ou abusivamente brejeiros.
Quanto ao não valer apenas “escrever posts motivados por simples comentários”, isso cabe a mim decidir. Quando eu era rapazote, pouco maior do que a minha princesa, jogava sempre futebol na equipa do bairro. Não que fosse um bom jogador, mas porque a bola era minha. E se eu não jogasse…!
Para concluir, permita-me recordar-lhe que, na vida, há recursos muito mais imponentes que a censura, como por exemplo o desprezo. A morte costuma ser demasiado lenta e verdadeiramente dolorosa!
Mário Gonçalves
De
Rooibos a 25 de Setembro de 2006 às 12:37
Mário,
Continuo sem perceber essa sua fixação nos meus comentários...
Se o deixa mais feliz e descansado, então não voltarei a comentar os seus escritos.
Desprezo?! É tudo o que não me tem dado, a avaliar pela extensão das suas respostas.
Pensei que o meu nick e ligação para a minha barraquinha virtual já tivesse ficado disponível das outras vezes, mas vejo que não. Lá vai:
http://rooibos-chavermelho.blogspot.com
Considero-me no direito de manter a minha identidade como bem me apetece, assim como o Mário tem o direito de não gostar da minha atitude...
Quanto mais nomes menciona, talvez para ilustrar a sua cultura literária imensa, menos me impressiona. É conhecedor e amante profundo do melhor da nossa (do mundo) cultura literária. Daí incluí-los no dia-a-dia da sua escrita, mesmo nas circunstâncias que, à primeira vista, me pareceriam inusitadas... Também eu os li, trabalhei e dei a conhecer. Com uma diferença, talvez durante menos anos que o Mário.
Se não suporta comentários positivos, espero que seja diferente com as críticas menos boas... É preciso sabedoria para as transformar em construtivas. Sei que o faz bem.
Veja lá no que deu eu vir aqui dizer que gosto do que escreve, que o admiro e respeito...
Não me conseguirá enervar nem demover, pois tenho "valentia de formiga, vagar de elefante e pachorra de preguiça" para personalidades como a sua.
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